Saudações aos deuses!

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quarta-feira, 22 de setembro de 2010

O racismo oculto nos elevadores


Quando criei este blog não tinha a pretensão de expor experiências pessoais; de falar de mim, mas de socializar textos e notícias referentes a estratégias de implantação de uma educação anti-racista e libertadora. Todavia, hoje, algo aconteceu e merece que eu abra uma excessão em relação a isso. Assim, o que vou contar é um relato de uma experiência que vivi hj, ou melhor, vivemos: eu, minhas duas cunhadas e minha filha, de apenas 1 ano e três meses de vida, que já se tornou alvo do olhar preconceituoso dessa sociedade hipócrita em que vivemos.Entenda-se por PRECONCEITO uma idéia pré concebida; algo que se acredita antes mesmo de se comprovar. Vamos ao fato:
Estou hospedada na casa de meus tios, num edifício de classe média numa bairro tradicional em Salvador. Esperava o elevador com minhas cunhadas e minha filha no 10 andar, quendo o elevador desceu do 11 andar e lá estava uma mulher que deve se achar branca, de cerca de 45 anos ou 50 anos. Demos boa noite e não ouvimos resposta. No painel do elevador, marcava 2G (segunda garagem). Era para onde íamos. A mulher simplesmente apertou o botão do térreo e nós aguardamos. Chegando ao térreo, dei passagem para que ela descesse. Então ouvi: "Vou para a garagem. Achei que vc fosse descer no térreo!" Escutei aquilo. Por estar com minha filha, optei por "não entender". Aquela mulher tinha tanta certeza que não íamos para a garagem que fez o favor de apertar o botão para que deixássemos o elevador no térreo. Ou seja, o PRECONCEITO falou mais alto e o pensamento foi materializado com a ação.
Para aqueles que dizem que negro ver racismo em tudo, cabe uma pergunta: o que é isso, então? A gente vive numa sociedade que nega o preconceito, nega as diferenças e luta pela igualdade. O paradoxo é ratificado pela necessidade que temos de exigir leis que defendam a população negra de atitudes excludentes e ainda, de políticas públicas que obriguem o que deveria ser de direito, como o acesso à educação, o reconhecimento dda importância histórico-cultural. O botão do térreo apertado pelo outro simboliza a certeza da não ascensão do negro; a certeza de que não se é capaz de dispor de hábitos ou certas facilidades que o mundo material oferece. O botão do térreo apertado pelo outro hoje foi apenas mais um sinal do racismo sutil presente na sociedade brasileira. o racismo oculto dos elevadores.

Aline Najara Gonçalves.

3 comentários:

  1. Infelizmente são poucos os discriminados que tomam consciência disso, e reagem de alguma forma. Ainda acho tudo tem que começar pela educação. Em nosso país ainda é vetado ao negro muitos direitos, ainda se vê o negro como um ser diferente, ou um pobre coitado, não existe respeito. O que existe é o preconceito velado por parte de muitos que não aceitam a nossa ascensão. Essa abjeta senhora é um exemplo vergonhoso dessa prática criminosa e vil. Enquanto existirem pessoas com esse tipo de comportamento e pensamento tacanho,a luta por nosso espaço e respeito, tem que continuar.

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  2. Realmente.. Se isso n é preconceito é o que?! Além de preconceito racial, ela levou vocês a condição de total submissão quando os igualou a verdadeiros asnos.. Afinal qual o ser humano que não sabe apertar o botão de um elevador?! Se ela quisesse realmente ter feito um favor era pra ter perguntado a vocês se iriam descer no terréo, mas ela nem sequer respondeu o "boa noite." Sabe qual é o meu sentimento em ralação a pessoas como ela?! PENA.. Se mostram tão ricos materialmente, cheios de classe e elegância enquanto que na questão da inteligência são tão IGNORANTES!!QUALQUER TIPO DE PRECONCEITO É BURRICE MINHA GENTE, VAMOS ACORDAR!

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  3. Enquanto os descriminados ficarem de braços cruzados nada será resolvido, por isso o papel de todos é o de denunciar, e a sociedade passar a comprar esta briga como se fosse sua, que de fato é.
    Gostaria de deixar meus parabéns para a colega Aline Najara, não só pela profissional que é, mas também pelo seu blog que é muito rico em conteúdo e importante como fator modificador desta sociedade que carece de mudança.
    É isso aí Aline, vamos todos nós procurar fazer aquilo que estiver ao nosso alcance.

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